Guy Faulconbridge e Kate Holton e James Davey
O Reino Unido alertou seus produtores de alimento nesta quarta-feira a se prepararem para um aumento de 400% nos preços do dióxido de carbono depois de prorrogar o auxílio estatal emergencial para evitar uma escassez de aves e carne provocada pelos custos crescentes do gás natural no atacado.
Os preços do gás natural disparam neste ano devido à reabertura das economias após os lockdowns da Covid-19, e a alta procura por gás natural liquefeito na Ásia reduziu os suprimentos para a Europa, desencadeando ondas de choque em setores dependentes desta fonte de energia.
O dióxido de carbono (CO2) é um subproduto do setor de fertilizantes --a maior fonte de CO2 do Reino Unido-- no qual o gás natural é o maior custo de produção. Empresas de gás industrial, como Linde, Air Liquide e Air Products and Chemicals, recebem seu CO2 principalmente de fábricas de fertilizantes.
A alta dos preços do gás natural forçou algumas fábricas de fertilizantes a fecharem nas últimas semanas, levando a uma escassez de CO2 usado para criar a efervescência de cervejas e refrigerantes e sedar aves e porcos antes do abate.
Vendo os estoques de CO2 diminuírem, o Reino Unido firmou um acordo com a empresa norte-americana CF Industries, que fornece cerca de 60% de seu CO2, para retomar a produção em duas fábricas que foram fechadas porque perderam sua lucratividade devido ao aumento do preço do gás.
"Precisamos que o mercado se ajuste, o setor alimentício sabe que haverá um aumento acentuado no custo do dióxido de carbono", disse o secretário do Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais, George Eustice, ao canal Sky News.
Este teria que aceitar que o preço do CO2 aumentará consideravelmente, de cerca de 200 para mil libras esterlinas por tonelada, disse Eustice.
O auxílio de três semanas para a CF custaria "muitos milhões, possivelmente dezenas de milhões, mas é para escorar alguns destes custos fixos", disse o secretário.
O governo deu poucos detalhes do acordo para enfrentar alguns dos custos fixos da CF.
O secretário de Negócios, Kwasi Kwarteng, que também é ministro da Energia, disse a parlamentares que está confiante de que o país também poderia obter outras fontes de CO2.
Ministros, incluindo o premiê Boris Johnson, refutaram diversas vezes que pode haver restrições a alguns pratos tradicionais de Natal, como peru assado, mas alguns fornecedores alertaram para tal risco.