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Brasil

Governo Lula dispensa dezenas de militares ligados à Presidência

Publicada em 17/01/23 às 13:44h - 78 visualizações

por TV Jundiai Hoje


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 (Foto: TV Jundiai Hoje)
Entre os dispensados está um parente do coronel Ustra, um dos principais torturadores da ditadura. Medida ocorre após Lula afirmar que perdeu confiança em parcela dos militares.O governo de Luiz Inácio Lula da Silva dispensou mais de 50 militares de funções administrativas ligadas à Presidência da República. As dispensas foram oficializadas nas edições do Diário Oficial da União (DOU) de segunda-feira (16/01) e terça-feira (17/01), e ocorrem em um momento de tensão entre o presidente recém-empossado e as Forças Armadas, com militares sendo acusados de conivência nos atos golpistas de 8 de janeiro, que resultaram na invasão e depredação do Planalto, do Congresso e da sede do Supremo Tribunal Federal por uma turba de bolsonaristas.

Entre os militares dispensados, mais de 40 atuavam na administração do Palácio da Alvorada e outras residências oficiais. Neste caso, as dispensas ocorrem uma semana depois que a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, expôs à imprensa o mau estado em que encontrou o Alvorada após a saída do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Há também uma série de dispensas em cargos do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), responsável pela proteção do presidente e assessoramento em questões militares e de inteligência. Vários dos dispensados nesse caso atuavam no escritório de representação do GSI no Rio de Janeiro e no Departamento de Segurança da Presidência.

Parente de Ustra entre os dispensados

A maior parte das dispensas atinge militares de patentes mais baixas (soldados, cabos e sargentos) da Marinha, Força Aérea e Exército. Apenas sete oficiais constam entre os dispensados. Entre os que perderam o cargo também está um tenente-coronel da Polícia Militar do Distrito Federal.

Uma dispensa que chamou a atenção foi a do tenente-coronel do Exército Marcelo Ustra da Silva Soares. Ele atuava no cargo de assessor técnico militar na Coordenação-Geral de Operações de Segurança Presidencial desde 2020.

Marcelo é um primo do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015). Em 2008, o coronel Ustra se tornou o primeiro oficial do regime a ser condenado por sequestro e tortura no período da ditadura militar (1964-1985). Um levantamento do Projeto Nunca Mais aponta que ele foi responsável por pelo menos 500 casos de tortura quando comandou o Doi-Codi, entre 1970 e 1974. Já a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos relacionou o coronel com pelo menos 60 casos de mortes e desaparecimentos em São Paulo. Ustra morreu em 2015, aos 83 anos, sem nunca ter cumprido um dia na prisão.

Tanto o ex-presidente Jair Bolsonaro quanto o ex-vice-presidente Hamilton Mourão defenderam o coronel Ustra publicamente em diversas ocasiões. O ex-presidente também recebeu a viúva do coronel Ustra no Planalto em duas ocasiões em 2019.
 
Segundo o Portal da Transparência do governo federal, o tenente-coronel Marcelo viajou para os EUA no final de dezembro, como integrante da equipe de segurança de Bolsonaro, quando este último abandonou a Presidência dois dias antes da posse de Lula.

Em novembro de 2022, Marcelo compartilhou nas redes sociais um vídeo que mostrava seu parente, acompanhado pela legenda: "Alguém pelo amor de Deus ressuscitem (sic) este homem urgente".

Lula: "Perdi a confiança"

As dispensas ocorrem em um momento particularmente tenso entre Lula e membros dos escalões das Forças Armadas. Na última quinta-feira, o presidente disse estar "convencido" de que as portas do Palácio do Planalto foram abertas aos golpistas de 8 de janeiro por figuras coniventes, incluindo membros das Forças Armadas.

"Quero ver todas as fitas gravadas. Teve muita gente da PM conivente, muita gente das Forças Armadas aqui dentro conivente. Eu estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar porque não tem porta quebrada. Ou seja, alguém facilitou a entrada deles aqui", disse.

Lula também afirmou na ocasião que perdeu confiança numa parcela dos militares e passou a rejeitar a escolha de militares para atuar como ajudantes de ordens.

"Eu perdi a confiança, simplesmente. Na hora que eu recuperar a confiança, eu volto à normalidade", disse Lula ao jornal O Estado de S. Paulo.

Diversos generais, tanto da reserva quanto da ativa, reagiram mal às falas de Lula, e trataram de mandar recados hostis por alguns setores da imprensa, rejeitando as acusações de conivência ou omissão e acusando Lula de "queimar pontes" com as Forças Armadas.



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