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Perigo de chuva intensa no litoral do Sudeste continua em abril

Publicada em 05/04/22 às 07:37h - 152 visualizações

por TV Jundiai Hoje


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 (Foto: TV Jundiai Hoje)
Entenda o mecanismo que forma as áreas de chuva tão volumosas no litoral do RJ e de SP

A frente fria que passou pela costa da região Sudeste do Brasil, na virada de março para abril de 2022, trouxe chuva excepcional para áreas do litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro. Volumes de chuva que poucas vezes são observados impressionaram até mesmo os meteorologistas mais experientes.

Em 48 horas, entre a noite do dia 31 de março e a noite do dia 2 de abril, pluviômetros do Cemaden registraram mais de 700 mm na região de Angra dos Reis, no litoral sul fluminense. A cidade do Rio de Janeiro registrou mais de 300 mm acumulados em 24 horas em alguns bairros. Na região de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, os acumulados em 48 horas chegaram a quase 600 mm.

Chuva muito volumosa na região de Ubatuba fez desmoronar um trecho da pista da rodovia Rio-Santos: Foto: Defesa Civil de Ubatuba/Divulgação

A pergunta
Diante de tanta destruição e de chuva tão extrema, a pergunta que  vem à mente é: Será que outros eventos de chuva tão destruidora poderão ocorrer novamente no outono de 2022 no litoral da Região Sudeste? 

Infelizmente a resposta é sim. A ocorrência de volumes de chuva tão elevados como os contabilizados na virada de março para abril de 2022 no litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro é resultado de uma combinação de fatores. 

1 - Frente fria
Uma forte frente fria avançou para a costa da Região Sudeste do Brasil trazendo uma massa de ar frio de origem polar, com forte intensidade para esta época do ano. Esta massa de ar frio veio associada a um sistema de alta pressão atmosférica, que se posicionou sobre o oceano,  na costa da Região Sul do Brasil.

2- Circulação de ar marítimo intensa
Esse sistema de alta pressão veio bastante forte, para os padrões do final de março, e os ventos marítimos provocados por ele chegaram fortes sobre a costa da Região Sudeste. Essa intensa circulação de ar marítimo injetou grande dose de umidade sobre as as áreas costeiras de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Essa unidade é um combustível básico para a formação e manutenção das nuvens de chuva.
 
3 - Água do mar quente
A fábrica de nuvens de chuva foi ainda alimentada por um bolsão de água quente, com temperatura acima do normal,  na costa da Região Sudeste do Brasil.

A água quente aumenta a evaporação e isso faz com que  mais vapor de água  seja injetado na atmosfera, o que também ajuda a alimentar as nuvens de chuva.

4 - Relevo local
Outro fator muito importante na produção de volumes de chuva tão elevados, é o relevo na região do litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro. A presença da Serra do Mar forma um verdadeiro paredão que bloqueia a umidade que chega do mar e faz com que as nuvens de chuva continuem concentradas sobre o as áreas litorâneas.

Atmosfera quente e frente fria
Também é preciso considerar na contabilidade das centenas de milímetros de chuva que caíram sobre o litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro, na virada de março para abril: a frente fria forte que chegou à Região Sudeste encontrou uma atmosfera previamente muito aquecida.

Isso fez com que o choque térmico fosse bastante acentuado, já que a massa de ar frio de origem polar que veio com essa frente fria chegou com força acima do normal ao Brasil.

Mais frentes frias de abril
No decorrer do mês de abril ainda teremos outras frentes frias passando pela costa da Região Sudeste, mas nem todas serão fortes como esta última. No entanto, a preocupação é com uma frente fria em especial, que deve chegar forte ao Sudeste no começo da segunda quinzena de abril de 2022. 

Esta frente fria poderia desencadear um novo evento de chuva intensa no litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro?

Sim, poderia, mas em uma primeira análise, os volumes de chuva acumulados não seriam tão elevados quanto os  que foram observados no início de abril. Uma das razões para que se considere um volume de chuva menos intenso é que esta segunda frente fria já chegaria ao Sudeste encontrando uma atmosfera menos aquecida. Essa temperatura menor do que a que estava na chegada da frente fria do início de abril será um fator importante para diminuição da quantidade de chuva. O contraste térmico na atmosfera nesta nova frente fria seria menor do que na primeira frente fria, do início de abril.

Mesmo assim, não se poderia desconsiderar o risco de termos volumes de chuva elevados e problemáticos. Ainda teremos que considerar o alto risco de  alagamento, deslizamentos de terra e transbordamento de rios

Daqui a 15 dias, os solos ainda estarão com muita água acumulada. Os rios estão no pico de cheia e ainda estarão muito elevados no começo da segunda quinzena de Abril. 

Esta frente fria forte esperada para o começo da primeira quinzena de abril poderá causar volumes de chuva elevados também no litoral do Espírito Santo.

Combustível para chuva: água quente
O grande bolsão de água quente que se observa atualmente na costa da Região Sudeste do Brasil, deve permanecer no decorrer de abril e também em maio. Este padrão só deve mudar, e água esfriar, em junho ou julho.

Água quente aumenta a evaporação e mais vapor de água fica disponível para formar as nuvens.

Água quente é um combustível para a formação de nuvens de chuva.
 
Isso é um fator de perigo, que não pode ser esquecido até o fim de maio, pois mantém parte do mecanismo para a produção de chuva forte na costa da Região Sudeste do Brasil. Mas a meteorologista Ana Clara Marques, da equipe de previsão climática da Climatempo observa que

"O que vai fazer as frentes frias de maio e junho não terem tanta força quanto essas de abril está muito mais ligado à climatologia. Os contrastes de temperatura não serão tão acentuados e a convecção não será tão intensa. Por isso essa chuva forte é esperada apenas para o primeiro mês do outono."

 Os meteorologistas da Climatempo estão alertas. Acompanhe nossas atualizações de previsão diariamente.



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