A pista no sentido Ayrton Senna está totalmente bloqueada na altura da Ponte do Piqueri; não há registro de feridos graves
Uma cratera se abriu e inundou uma das obras da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo, nesta terça-feira, 1ª, bloqueando quase que totalmente a pista da Marginal Tietê, no sentido Ayrton Senna, na altura da Ponte do Piqueri.
Segundo o Corpo de Bombeiros, não há feridos graves. Os funcionários da obra conseguiram sair a tempo, mas dois deles, que tiveram contato com a água que pode estar contaminada, receberam atendimento da corporação.
Ainda de acordo com os bombeiros, o acidente pode ter sido ocasionado por uma escavação que atingiu uma adutora de água ou então uma tubulação de esgoto da região, que se rompeu e inundou a obra.
Imagens de helicóptero feitas por emissoras de televisão mostram um enorme buraco próximo às obras que atingiu e engoliu parte da via da pista local. As imagens registraram ainda que partes do asfalto seguem cedendo e caindo no buraco. Também é possível ver que a cratera está toda tomada por água.
Dados da CET já mostram o efeito do bloqueio sobre os indicadores de lentidão no trânsito da cidade. Por volta das 10h, a lentidão atingiu a média superior do registro, com 5,9% das vias monitoradas. A Marginal sentido Ayrton Senna registra engarrafamento estimado de 7 quilômetros, o que se reflete também em outras ruas e avenidas das imediações. Apenas duas faixas da pista expressa estão liberadas para desafogar o trânsito na região.
Tatuzão operava em local do acidente
O Tatuzão, equipamento de perfuração de túneis, operava no local do acidente desta terça-feira, 1, desde 16 de dezembro e tinha a previsão de percorrer dez quilômetros como parte das obras da Linha 6-Laranja do Metrô.
A tuneladora, nome técnico do equipamento, começou a escavação em um evento que contou com a presença do governador João Doria (PSDB). O Tatuzão partiu do VSE Tietê (poço de ventilação e saída de emergência), local do acidente desta terça-feira, e chegaria até um outro VSE na Avenida Senador Felício dos Santos, no centro.
O equipamento percorreria dez quilômetros nos próximos meses entre as estações Santa Marina e São Joaquim. Pesando 2 mil toneladas, cada Tatuzão possui diâmetro de 10,61 metros e extensão de 109 metros, de acordo com especificações da empresa responsável pela obra. Sua capacidade de perfuração é de aproximadamente 12 a 15 metros por dia.
Para a sua operação são necessárias aproximadamente 50 pessoas, divididas em três turnos de trabalho, informou a Acciona. A máquina possui refeitório, cabine de enfermagem, esteira rolante para a retirada do material escavado, além de cabine de comando e equipamentos auxiliares.
A previsão do governo paulista era que um outro Tatuzão começasse a trabalhar ainda no primeiro semestre deste ano no sentido inverso, do centro para a zona norte.
"Essa obra foi um desafio. Quando assumimos o governo, tínhamos 30 grandes obras paradas no estado. Encontramos uma solução jurídica e o resultado está aqui. Quando se quer, resumimos todas as dificuldades a uma expressão: vamos fazer!", disse o governador João Doria em dezembro.
"O início da operação do Tatuzão é um momento emblemático nas obras da Linha 6-Laranja, considerado o maior empreendimento em infraestrutura na América Latina", acrescentou na data o secretário dos Transportes Metropolitanos, Paulo Galli.
Obra ficou parada por 4 anos
A Linha 6-Laranja do Metrô tem a previsão de interligar o bairro da Brasilândia, na zona norte, à Estação São Joaquim, na região central da capital. A obra tem 15 quilômetros de estação e previsão de construção de 15 estações. A previsão do governo do Estado é que a linha, quando estiver pronta, deverá transportar 630 mil passageiros por dia.
A obra é fruto de uma parceria público-privada (PPP) do governo com a concessionária Linha Universidade. As obras estão em execução pelo braço de construção do grupo Acciona. Depois de finalizada a obra, a Linha 6 deverá ser operada pela Linha Uni por 19 anos.
Paradas por quatro anos, desde setembro de 2016, as obras foram reiniciadas em outubro de 2020. O contrato da implantação, manutenção e operação da linha foi comprado pela empresa espanhola Acciona em 2019. Antes ele era do consórcio Move São Paulo (formado pela Odebrecht TransPort, a Queiroz Galvão e a UTC Engenharia).
Embora o contrato do consórcio anterior tenha sido assinado em 2013, as obras foram iniciadas apenas em abril de 2015 e paradas no ano seguinte. Em 2008, o Estado chegou a noticiar que a linha começaria a operar de forma parcial em 2012 e integralmente três anos depois.
Acidente em 2007
Em 2007, um deslizamento de terra no canteiro de obras da Estação Pinheiros, da Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo abriu um gigantesco buraco de 80 metros de diâmetro e 30 metros de profundidade na tarde do dia 12 de janeiro de 2007.
Em pouco mais de um minuto a cratera tragou tudo à sua volta: caminhões, máquinas, carros e quem passava pelo local. Sete pessoas morreram e 79 famílias tiveram que ser removidas de casas interditadas.