Júnior Giana, mais conhecido como Pit, estava entrando no Lago de Furnas, com 8 turistas em sua embarcação, na hora da tragédia no sábado, 8
Fábio Shima
Júnior Giana, mais conhecido como Pit, estava trabalhando como marinheiro no Lago de Furnas, em Capitólio-MG, no sábado, 8, quando a pedra se descolou do penhasco e caiu no cânion, vitimando 10 pessoas, com a confirmação oficial do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil de Minas Gerais.
O piloto da lancha GGI contou que tudo aconteceu de uma forma repentina. “Estava lá na hora, de frente, entrando no canal, explicando aos meus oito clientes o passeio, quando, de repente, vejo saindo um monte de lancha do local, totalmente sem rumo, no desespero e acelerando sem parar. Na hora até fiquei sem entender o que estava acontecendo e achei que era uma tromba d’água, que quando chove, acontece e a gente está acostumado”, falou em entrevista ao Terra. “Depois que eu percebi. Foi a primeira vez que, de repente, vejo uma pedra, daquele tamanho, caindo. Nunca esperava que isso iria acontecer e presenciar algum dia”, contou.
“Foi tudo muito rápido e o cenário se tornou como se fosse um filme de terror, mas só que na vida real. Vi que a lancha de um companheiro meu tinha virado com todo mundo dentro, pessoas gritando, chorando, pedindo socorro. A coisa foi bem chocante mesmo. Tinham três embarcações que foram jogadas uma em cima da outra por conta do impacto da rocha caindo na água”, relatou.
Apesar de traumatizado por aquilo tudo que tinha acabado de presenciar, Pit não pensou duas vezes em salvar vidas. “No momento, a única coisa que eu fiz foi tentar resgatar o máximo de pessoas que eu consegui, que foram sete”, contou. “Em seguida, peguei as pessoas e levei para a Lagoa Azul, o primeiro ponto do passeio, onde ficava mais perto da rodovia para que as pessoas fossem socorridas pelas ambulâncias o mais rápido possível”.
Apesar do ato de heroísmo, Pit mantém a humildade e acredita que não fez mais do que a sua obrigação. “Não me vejo como herói, pois somos seres humanos e eu tinha que ajudar de alguma forma. Me coloquei no lugar deles. Poderia eu ter morrido. Lembrei também que aquelas pessoas que estavam lá poderiam ser da minha família, que há pouco tempo tinha levado pra passear”.
Trauma eterno
Navegando no mesmo local há três anos, o jovem piloto de 23 anos garante que até o fim de sua vida, jamais vai esquecer o que aconteceu no dia 8 de janeiro de 2022. “Depois de tudo o que aconteceu, não tinha fome, ânimo pra nada. Só consegui dormir pelas 4h de domingo”, relatou. “Por mais que a gente tente descansar, e fique em silêncio, vem em mente várias pessoas pedindo socorro. Tudo já passou, toda a hora vem a cena e a cabeça fica totalmente perturbada”.
Pit ainda lembrou que o desastre poderia ainda ter mais vítimas. “É que no sábado estava chovendo um pouco. Se estivesse sol, a tragédia iria ser muito pior, pois iriam ter muito mais embarcações, uma do lado da outra. E os turistas estariam aproveitando pra pular na água e tirar fotos próximas as duas cachoeiras de lá”.