Na quinta-feira(02) o granizo em Santa Catarina e nos Campos Gerais, no Paraná, causou danos em pomares de Maçã e em plantação de fumo. Confira a tendência!
Na tarde de quinta-feira (02) houve registros de queda de granizo em municípios de Santa Catarina, do Paraná, de São Paulo e do sul de Minas Gerais. Como em São Joaquim(SC), Curitibanos(SC), Ponta Grossa(PR), Taubaté (SP), Pindamonhangaba(SP) e Varginha(MG), de acordo com moradores locais, e em Bragança Paulista(SP), pelos dados observados no aeroporto.
Destaca-se para os danos causados pelo granizo em São Joaquim(SC). O granizo que ocorreu entre às 12 horas e às 14 horas, causou danos em pomares de maçã. Ressalta-se também os estragos na plantação de fumo sobre a região de Ponta Grossa, em Campos Gerais, no Paraná, por conta dos 15 minutos de queda de granizo.
Como o granizo se forma
As gotas de água que vem da superfície da terra e de rios que se elevam quando o ar está mais quente, se chocam umas com as outras, aumentando assim seu tamanho e formando assim a nuvem. Ou seja, essas nuvens se formam em locais com temperaturas elevadas e com alta umidade. Ao chegar aos 5 km de altitude, onde as temperaturas estão muito abaixo de 0 grau, as gotas viram gelo. Geralmente as nuvens que provocam queda de granizo são chamadas de Cumulonimbus (CB) e chegam aos 18 km de altitude. Mas, esse granizo só consegue cair se tiver um tamanho grande e for pesado, vencendo a força da corrente de ar quente que mantém o gelo dentro da nuvem. Mais detalhes da formação de granizo, veja aqui: Como o granizo se forma?
É importante destacar que as pedras de gelo que se formam com tamanhos bem maiores que o comum são provocadas pelas correntes de ar (que sobem para nuvem) bem mais fortes que o normal, e consequentemente rápidas.
Por outro lado, quando as nuvens de tempestades que provocam temporais e com queda granizo se deslocam muito lentamente, os granizos se acumulam em muita quantidade parecendo um acúmulo de neve.
Desenvolvimento do granizo dentro da nuvem. Fonte:Climatempo
Também há outros 2 fatores para a formação do granizo: A la niña e a primavera que ajudam no aumento da frequência de granizo pelo país.
A Lã Niña é um resfriamento da água na faixa equatorial do Oceano Pacífico, que também esfria a atmosfera em todo o globo. Uma atmosfera mais fria significa que as nuvens de tempestade acabam gerando mais gelo que o normal. E quando este gelo se desprende das nuvens, a atmosfera mais fria que o normal faz com que este gelo não derreta na queda.
A primavera é uma estação de transição entre o inverno seco e frio e o verão quente e úmido. Assim, é normal termos períodos secos característicos do Inverno, e outros períodos muito úmidos, característicos do Verão. E o frio não acontece com tanta frequência. A temperatura entra em gradativa elevação, e as massas polares são de menor intensidade. Assim, nesse período as pancadas de fins de tardes são mais frequentes pelo país, devido ao aumento do calor e da umidade, que podem causar temporais, acompanhados por rajadas de vento e queda de granizo.
Ou seja, neste momento, o Hemisfério Sul está na estação da primavera, que é onde os níveis de congelamento nas nuvens são muito mais baixos do que durante o verão, permitindo assim que o granizo alcance mais facilmente o solo. Ou seja, o nível mais baixo de congelamento das nuvens na tempestade significa que as pedras de granizo têm uma distância menor para percorrer antes de chegar ao solo, reduzindo a chance de que derretam quando caem em ar mais quente em níveis mais baixos na atmosfera.
Embora a primavera tenha a maior chance de chuvas de granizo ao longo do ano, o outono traz um pico secundário, mas menor nas tempestades de granizo. Ou seja, no início do Outono, devido a alta atmosfera esfriada e mais calor e umidade na superfície.
Previsão para os próximos dias
Na tarde desta sexta-feira (03) há risco para a volta do granizo em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, oeste do Espírito Santo e centro sul da Bahia. Isso ocorre por conta do calor e da alta umidade do ar, além da presença de um cavado meteorológico nos níveis médios a atmosfera, e mais os fortes ventos nos níveis altos da atmosfera. No sábado (04) novamente se tem pancadas fortes de chuva e queda de granizo em Minas Gerais, pelos mesmos sistemas que atuam na sexta. No domingo (05) previsão de temporais, com potencial para a queda de pedras de gelo, a partir da tarde entre o Rio Grande do Sul (incluindo Porto Alegre), Santa Catarina e no sul do Paraná, pela influência de uma área de baixa pressão atmosférica, em torno de 1,5km de altitude, no sul do país.
Destaca-se para os temporais mais intensos no Sudeste no segunda-feira (06) com chuvas ao longo do dia, que devem ser bastante intensas à tarde e à noite entre os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, com raios, rajadas de vento de mais de 70km/h, volumes elevados, de mais de 60mm, e queda de granizo, tudo por conta de um ciclone que se forma na costa do Sudeste no final desse dia. Segundo as atuais simulações numéricas, indicam que esse ciclone seja subtropical, e se isso se confirmar, poderá se tornar uma tempestade subtropical a partir do dia 07/12, no mar, pois o sistema sustenta ventos entre 63 e 118km/h, que é a escala para classificar como uma tempestade. Mas ainda estamos monitorando se isso irá realmente ocorrer, de virar uma tempestade, a marinha brasileira irá clássica-la e nomeia-la. (Por curiosidade, a última tempestade subtropical na costa brasileira foi a Raoni em Junho de 2021).
Ressalta-se que esse ciclone, além de causar granizo em Minas Gerais, São Paulo (incluindo a capital paulista) e o Rio de Janeiro, também induzirá nas instabilidades fortes e queda de granizo, além das rajadas de vento, sobre o leste e sudeste de Santa Catarina e o leste do Paraná.
A chuva volumosa também vai ocorrer nos dias 06 e 07 de dezembro em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, por conta da formação dessa tempestade.
Volumes de chuva previstos até terça-feira (07)
Conforme o mapa abaixo, são esperados mais de 100mm de chuva entre Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, até o dia 07 de dezembro, próxima terça-feira. Destaca-se também os volumes bem mais elevados, que passam dos 200mm no centro sul e sudoeste do Amazonas, nesse mesmo período, por conta do calor, da alta umidade do ar, instabilidades tropicais e mais à atuação da Alta da Bolívia. Atenção também a chuva volumosa em torno dos 200mm em municípios do Mato Grosso, Tocantins, sul e leste do Pará, no Maranhão, em Goiás e na Bahia, pois, além da alta umidade do ar e da Alta da Bolívia, temos um corredor de umidade que se configura a partir da segunda-feira (06).