Presidente migra para o nono partido desde que iniciou sua trajetória política
Lauriberto Pompeu e Eduardo Gayer
O presidente Jair Bolsonaro assina sua filiação ao Partido Liberal (PL) no próximo dia 22, em um evento previsto para ocorrer em Brasília às 10 horas da manhã. A informação foi confirmada pela legenda por meio de nota após reunião de Bolsonaro com o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, no Palácio do Planalto. A data foi negociada pela cúpula do PL pelo caráter simbólico, já que 22 é o número da sigla na urna eletrônica. Será o nono partido de Bolsonaro desde que ingressou na política.
O PL também será o destino do senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho mais velho do presidente. O "Zero Um", que participou de reunião no Planalto, deve pedir sua desfiliação do Patriota nos próximos dias para também se filiar ao partido do pai na mesma data.
A expectativa é que o evento de filiação conte também com a presença de caciques do Progressistas, como o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, como forma de ilustrar a aliança formada pelos dois partidos em torno do presidente. O Progressistas também tentava filiar Bolsonaro e deve indicar o candidato a vice em 2022.
Antes do encontro com Valdemar, mais cedo nesta quarta, em entrevista à Rádio Cultura, do Espírito Santo, Bolsonaro afirmou que a entrada na legenda estava quase concluída e que faltava ajustar questões das disputas em São Paulo em 2022.
Bolsonaro declarou que deseja ter a liberdade de escolher os candidatos nos Estados. "Se eu vier disputar a reeleição, quero ter candidato ao governo de Estado em São Paulo, candidato ao Senado e uma boa bancada de indicados. Está faltando acertar esse pequeno detalhe com Valdemar. Acredito que a gente acerte no dia de hoje", declarou.
Costa Neto foi condenado pelo envolvimento no escândalo do mensalão, em 2012, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do qual era aliado. A filiação ao partido contraria discurso de campanha de Bolsonaro, que já criticou o cacique e lembrou os problemas na Justiça que recaíram sobre ele. Desde abril de 2020, quando o presidente começou a aliança com o Centrão, o PL faz parte da base de Bolsonaro no Congresso e está representado na Esplanada com Flávia Arruda, ministra da Secretaria de Governo e deputada licenciada pelo PL do Distrito Federal.
Desde novembro de 2019, Bolsonaro está sem partido. Após ter brigado com o comando do PSL, ele tentou fundar o Aliança pelo Brasil, mas não conseguiu as assinaturas necessárias para formalizar a sigla no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Tentou, então, entrar em vários outros partidos, como Republicanos, PRTB e Patriota, mas enfrentou uma série de obstáculos porque sempre apresentava a exigência de ter influência sobre os diretórios e as verbas das legendas.