Oito suspeitos de envolvimento nas execuções, ligados à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), foram presos
José Maria Tomazela
Policiais da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) encontraram nesta terça-feira, 9, um cemitério clandestino usado para enterrar vítimas do "tribunal do crime", em Sorocaba, interior de São Paulo. Até o fim da tarde, 12 corpos tinham sido desenterrados do local, um terreno baldio na borda de uma mata, no bairro Altos do Ipanema, zona norte da cidade. Oito suspeitos de envolvimento nas execuções, ligados à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), foram presos.
Depois de localizar os primeiros corpos, a Polícia Civil pediu ajuda ao Corpo de Bombeiros para auxiliar nas buscas. A área foi isolada. No fim da tarde, até uma retroescavadeira foi enviada ao local pela prefeitura. Os corpos, em estado de decomposição, foram enviados para o Instituto Médico Legal (IML) de Sorocaba. A identificação será feita com análise do DNA das vítimas.
Conforme a delegada do Deic, Luciane Bachir, a operação foi desencadeada após seis meses de investigação sobre as ações do "tribunal do crime" na cidade. A justiça expediu 11 mandados de prisão e 18 mandados de busca e apreensão. Ao menos oito pessoas foram presas. Os policiais chegaram ao cemitério clandestino depois que um preso na operação contou onde as vítimas do tribunal foram enterradas. Conforme a investigação, o "cemitério" de Sorocaba seria usado também para receber sentenciados de morte de outras cidades paulistas.
Os oito presos vão responder por crimes de tortura, homicídio e associação para o crime. Os materiais apreendidos durante as buscas serão analisados pelo setor de inteligência do Deic. Conforme a delegada, as investigações vão continuar com o objetivo de identificar outros envolvidos e se mais crimes foram cometidos pelos suspeitos.
Os "tribunais do crime" foram criados pelo PCC para estabelecer um sistema paralelo de julgamento e punição aplicados a todos aqueles que prejudiquem os negócios da facção ou, ainda, descumpram suas regras disciplinares. Os tribunais desenvolveram um modo de operação próprio, pautado por tortura, extrema violência e execução sumária das vítimas.