Pesquisadores buscam alternativas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes
Ítalo Lo Re
Enquanto sistemas de infusão de insulina de modelo híbrido já estão presentes no mercado brasileiro para o tratamento da diabete, pesquisadores buscam alternativas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Estudos estão sendo conduzidos em diferentes frentes para desenvolver bombas de insulina que podem ser até introjetadas no corpo.
Pesquisadores da Scuola Superiore Sant'Anna e da Universidade de Pisa, ambas na Itália, estão desenvolvendo um novo dispositivo que levaria a insulina ao organismo dos pacientes de forma intraperitoneal. Um robô seria implantado cirurgicamente na cavidade abdominal dos pacientes e conectado ao intestino. Desse modo, o dispositivo liberaria insulina e o hormônio seria assimilado de forma mais ágil pelo corpo.
Quando o reservatório ficasse sem o insumo, o que os pesquisadores estimam que aconteceria a cada uma ou duas semanas, o paciente teria de engolir um comprimido magnético contendo o hormônio. A pílula, então, seria transportada ao longo do sistema gastrointestinal até chegar ao implante, onde é acoplada magneticamente. A tecnologia ainda está em processo de testes e precisaria passar por agências reguladoras para chegar ao mercado.
Farmacêutica que desenvolve e comercializa as bombas de insulina no Brasil, a Medtronic informou que trabalhará em conjunto com a Mann Foundation para desenvolver uma nova tecnologia de bomba de insulina implantável cujo objetivo é melhorar a entrega do hormônio.
A Roche Diabetes Care, que comercializa bombas de insulina para pacientes brasileiros, apontou que destina anualmente cerca de 20% de seu faturamento para investimento em inovação. Porém, ainda não há previsão de novos lançamentos. "Para que um novo produto chegue ao Brasil, é preciso que passe por uma série de etapas regulatórias que testam sua segurança e a eficácia", explicou a empresa.
No Brasil, um foco importante tem sido em desenvolver alternativas para baratear os custos de bombas de insulina. Em São José dos Campos, um projeto encabeçado pelo professor de Engenharia de Software da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Luiz Eduardo Galvão está focado no desenvolvimento de protótipos de bomba de insulina desde 2013. A iniciativa é feita em parceria com a empresa de produtos médicos Delta Life e atualmente recebe apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
"Nosso primeiro objetivo é conseguir ter uma bomba totalmente funcional, permitindo fazer a infusão contínua e a bolus, em que se coloca uma maior quantidade de insulina em um período curto de tempo", diz Galvão, explicando que a expectativa é apresentar à Fapesp os avanços do protótipo mais recente até o final de 2022.
Segundo ele, o principal diferencial do dispositivo seria o custo, já que a estimativa seria disponibilizá-lo por cerca de R$ 6 mil, valor que se assemelha às bombas de insulina comercializadas no Brasil pela Roche. Até o momento, o projeto não trabalha no desenvolvimento de sensores ou de outros componentes dos sistemas de infusão, como cânulas ou catéteres.
Galvão complementa que a pesquisa de tecnologias para bombas de insulina ainda é muito incipiente no País, o que dificulta a troca de conhecimentos na área. "Esse mercado de equipamentos médicos é um mercado dominado por grandes empresas", conta o professor. "A gente está falando de uma iniciativa que, se for bem sucedida, vai concorrer com gigantes."