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Inquérito que investiga loja da Zara por abordagem racista no Ceará será enviado ao MP

Publicada em 21/10/21 às 16:17h - 194 visualizações

por TV Jundiai Hoje


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Imagens mostram outros clientes em situação parecida com a da delegada, citada pelo gerente, mas que não foram impedidos de entrar no estabelecimento Foto: Reprodução / Estadão  (Foto: TV Jundiai Hoje)
Polícia apontou que estabelecimento tinha alerta sonoro para alertar quando pessoas "fora do padrão da grife" entravam no local; gerente foi indiciado pelo crime de racismo; pena é reclusão de 1 a 3 anos
Lôrrane Mendonça

FORTALEZA - O inquérito policial que apurava um caso de racismo na loja Zara em um shopping de Fortaleza, no Ceará, revelou que o estabelecimento emitia um sinal sonoro, alertando quando pessoas "fora do padrão da grife" entravam no local, e será encaminhado ao Ministério Público. O gerente da loja, Bruno Filipe Simões Antônio, de 32 anos, é de naturalidade portuguesa e foi indiciado pela polícia pelo crime de racismo. A pena é reclusão de 1 a 3 anos.

O assessor jurídico da Associação dos Delegados de Polícia do Ceará, Leandro Vasques, afirma que ainda caberá ação de danos morais. "Vamos aguardar a manifestação do Ministério Público e, paralelo a isso, vamos manejar a ação reparatória de dano moral indenizatória. A assessoria jurídica não descansará enquanto não assistir à reparação deste dano, bem como a condenação do infrator deste crime imprescritível e inafiançável", declara Vasques.

Segundo as investigações da polícia, o gerente cometeu atitude discriminatória contra a delegada Ana Paula Barroso, que é negra, no último dia 14 de setembro. As imagens do circuito interno mostram o momento em que a vítima é impedida de entrar no estabelecimento.

Segundo a delegada Janaina Siebra, duas testemunhas, que são ex-funcionárias da Zara, confirmaram que a loja emitia um sinal sonoro, alertando "Zara Zerou", quando pessoas "fora do padrão da grife" entravam na loja. "Ficou constatado que existia este código interno. Então, a partir do momento em que um cliente entrava na loja e a equipe de profissionais suspeitasse da forma de se vestir ou da cor da pele, o código era utilizado e aquela pessoa deixaria de ser um simples cliente para se tornar um suspeito. Existia essa prática discriminatória muito severa, que chocou todos nós", relata a delegada.

Ainda de acordo com a polícia, as imagens foram cruciais para a finalização do inquérito. "A loja foi resistente em ceder essas imagens. Ela se recusou por três vezes a nos repassar. Diante disso, foi necessário representar pela busca e apreensão e após a análise, constatamos o tratamento diferenciado a pessoas na mesma circunstância", explica Siebra.

As imagens mostram que momentos antes e depois de Ana Paula ser impedida de entrar na Zara, outros clientes em situação semelhante, sem uso correto da máscara e consumindo alimentos, foram atendidos no estabelecimento.

Em nota, a Zara Brasil disse que não teve acesso ao relatório da autoridade policial até sua divulgação nos meios de comunicação e afirmou que vai colaborar com as autoridades para "esclarecer que a atuação da loja durante a pandemia se fundamenta na aplicação dos protocolos de proteção à saúde, já que o decreto governamental em vigor estabelece a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes públicos". Qualquer outra interpretação, prossegue a rede, "não somente se afasta da realidade como também não reflete a política da empresa".

A Zara Brasil destacou ainda contar com 1,8 mil pessoas de diversas raças e etnias, identidades de gênero, orientação sexual, religião e cultura. Afirmou também não tolerar "nenhum tipo de discriminação e para a qual a diversidade, a multiculturalidade e o respeito são valores inerentes e inseparáveis da cultura corporativa. Acrescentou ainda rechaçar "qualquer forma de racismo, que deve ser combatido com a máxima seriedade em todos os aspectos".



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