"Quando a gente navega, usa uma bolsa de abandono, com documentos, GPS, água e barrinha de cereal para, no caso de abandonar o barco, levar só ela. Meu marido falou: 'Vou entrar nas engrenagens para ver se não entrou água e você vai ver se tem tudo na bolsa de abandono'", lembra. "Se lesasse o casco, poderia ter afundado, mas não entrou uma gota de água no barco. Então, tivemos apenas de esperar o socorro e, por mais assustado que estivéssemos, conseguimos manter a calma e tomar as decisões necessárias."
Um barco pesqueiro chegou a ir ao local para conferir se tudo estava bem e o resgate ocorreu às 5h15 do mesmo dia, mas não foi fácil. "Fomos rebocados durante seis horas e o veleiro não foi feito para ser rebocado. Os cabos arrebentaram quatro vezes, o mar aumentou, os ventos aumentaram, mas as pessoas que foram nos ajudar foram muito calorosas, perguntavam se a gente estava desconfortável."
Reportagens locais relatam episódios com orcas e embarcações na região de Portugal e na Espanha. "Esse comportamento tem se repetido há cerca de um ano e os biólogos estão tentando entender o que está acontecendo. É assustador, mas a gente sabe que é o hábitat delas. Não acredito que elas tenham atacado com instinto assassino."
Futuro
O casal fez a primeira volta pelo Oceano Atlântico em 2012 e iniciou a atual viagem em 2019, quando saiu do Brasil, foi para o Caribe e tinha como meta encerrar o trajeto em Portugal no ano passado. A pandemia, no entanto, adiou os planos. Paula diz que o casal vai continuar velejando assim que o Strega, que significa bruxa em italiano, passar por reparos.
"Choppinho ficou assustado, mas ficou bem, ele ficou quietinho. Não estamos traumatizados, queremos resolver essa situação para entrar no Mediterrâneo. A gente estava programado para deixar o barco em Lisboa e voltar para o Brasil em novembro. Agora, tem de tirar o barco da água para fazer manutenção e, como é de fabricação brasileira, vamos ter de adquirir peças originais. A gente está feliz com o final, porque estamos bem e nada de mais grave aconteceu. As vidas estão preservadas."