Depoimentos de Thayná de Oliveira Ferreira apresentaram várias contradições
Fábio Grellet
A Polícia Civil do Rio indiciou por falso testemunho Thayná de Oliveira Ferreira, que trabalhou como babá de Henry Borel, menino de 4 anos morto em 8 de março, após ser agredido pelo padrasto, o médico e ex-vereador Jairo Souza Santos Junior, conhecido como doutor Jairinho. Thayná foi indiciada em 22 de setembro por ter mentido no primeiro depoimento prestado à 16.ª DP (Barra da Tijuca), em 24 de março. Em 12 de abril, ela prestou novo depoimento à delegacia, dando versão completamente diferente e admitindo que na oitiva anterior teve medo de falar a verdade e ser alvo de vingança por Jairinho. Na noite de quarta-feira, 6, ela foi ouvida na Justiça, durante a primeira audiência do caso, e apresentou nova versão dos fatos. Por isso, deve ser novamente investigada por mais um suposto crime de falso testemunho.
No primeiro depoimento, Thayná - que trabalhou como babá de Henry de 18 de janeiro até a morte dele, em março - afirmou não ter visto nada de anormal e nenhum sinal de agressão à criança. Segundo ela, a família vivia em harmonia.
A polícia suspeita que Henry Borel, de 4 anos, tenha morrido depois de ser submetido por Dr. Jairinho a uma sessão de torturas
A polícia suspeita que Henry Borel, de 4 anos, tenha morrido depois de ser submetido por Dr. Jairinho a uma sessão de torturas
Foto: Reprodução/Instagram / Estadão
Em 12 de abril, quatro dias após a prisão de Jairinho e da mãe de Henry, a professora Monique Medeiros, a babá voltou à delegacia e afirmou ter presenciado agressões de Jairinho a Henry em três ocasiões. Contou ainda ter recebido R$ 100 do ex-vereador para "ficar quieta".
No depoimento à Justiça, nesta quarta-feira, Thayná afirmou que não sabia das agressões a Henry e que era manipulada por Monique, por quem disse se sentir usada. "Me senti usada em que sentido? No sentido de que ela vinha, contava, tentava me mostrar o monstro do Jairinho e eu ficava com todas as coisas ruins na minha cabeça. Era tudo suposição da minha cabeça. Eu nunca vi nenhum ato", disse a babá. "Era a Monique que me fazia acreditar em muita coisa e por isso a minha cabeça estava transtornada e eu começava a imaginar um monstro, mas ali no quarto poderia não estar acontecendo nada e eu estava imaginando um monte de coisa", completou.
Com o depoimento de Thayná teve fim a oitiva das testemunhas de acusação. As próximas audiências estão marcadas para os dias 14 e 15 de dezembro.