Reunião preparatória em Milão terminou neste sábado (2)
Após a ativista sueca Greta Thunberg ter chamado os discursos de líderes políticos sobre o clima de "blá-blá-blá", os ministros participantes da conferência preparatória para a COP26 em Milão concordaram em "fazer mais" para limitar o aquecimento global neste século.
A pré-COP26 foi realizada entre 30 de setembro e este sábado (2) e reuniu ministros do Meio Ambiente de cerca de 50 países para avançar nas discussões e permitir resultados concretos na próxima cúpula climática da ONU, em Glasgow, em novembro.
"Chegamos a um consenso de que é preciso fazer mais para manter o aquecimento abaixo de 1,5ºC [em relação aos níveis pré-industriais], aumentar as NDCs [metas climáticas de cada país] e garantir o fundo de US$ 100 bilhões para os países em desenvolvimento", declarou o presidente da COP26, Alok Sharma.
O encerramento da pré-COP, no entanto, não contemplou algumas das principais reivindicações dos jovens que participaram da conferência Youth4Climate, também em Milão, entre 28 e 30 de setembro, como o fechamento da indústria de combustíveis fósseis até 2030 e o incentivo à educação ambiental nas escolas.
"A energia dos jovens da Youth4Climate galvanizou os ministros. Devemos nos lembrar do que eles disseram", acrescentou Sharma. Em seu discurso na abertura da conferência juvenil, Greta Thunberg havia dito que as promessas dos líderes mundiais eram apenas "blá-blá-blá" e que as emissões de carbono continuam aumentando.
"Eles [os líderes mundiais] selecionam jovens como nós, fingindo que nos escutam, mas não é verdade, eles nunca nos escutaram", disse a ativista sueca na ocasião. Na coletiva deste sábado, Sharma reconheceu que as projeções para os próximos anos não são boas.
"A ciência nos diz que, para manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais, precisamos reduzir em 45% até 2030 as emissões de gases do efeito estufa, na comparação com 2010. Mas com as metas atuais teremos um aumento de 16% até 2030", admitiu.
De acordo com ele, a transição deve ser "equilibrada" e os trabalhadores do setor de combustíveis fósseis "devem ter apoio e encontrar novas vagas de emprego". Já o ministro da Transição Ecológica da Itália, Roberto Cingolani, disse que é "impossível" zerar os investimentos em combustíveis fósseis imediatamente.
"A transição implica um certo lapso de tempo em que haverá a coexistência entre fontes renováveis e fósseis, mas o caminho está bem claro", acrescentou.