Pontífice definiu o procedimento como 'assassinato'
O papa Francisco se torno alvo de críticas na Itália após ter comparado médicos que realizam procedimentos de aborto voluntário com "sicários". Embora tenha declarado que as mulheres "têm direito à vida", o líder da Igreja Católica definiu ontem (29) o aborto como um "assassinato".
O presidente da Federação Nacional das Ordens de Cirurgiões e Dentistas da Itália, Filippo Anelli, declarou que os médicos estão sempre próximos de pessoas que sofrem e precisam de ajuda, além de recordar da lei 194, aprovada em 1978 e que permite a realização do procedimento até o 90º dia de gravidez.
"Compreendemos as razões do Santo Padre. O respeito por cada pessoa, pelas suas opiniões, pelas suas crenças, pelas suas escolhas é a parte mais nobre da nossa profissão, que de alguma forma se aproxima do convite à misericórdia repetidamente referido pelo Santo Padre, bem como aos valores expresso pela nossa Constituição", declarou.
Já Silvana Agatone, membro do comitê científico de uma associação italiana de ginecologistas, apontou que as críticas do religioso foram "violentas".
"Aqueles que aplicam a lei 194 que diz respeito à interrupção voluntária da gravidez na Itália estão efetivamente aplicando um dispositivo que salva vidas. Na Itália, há uma redução contínua dos abortos e de complicações em virtude da aplicação da norma.
Tudo isto foi possível através dos profissionais que aplicam a lei para a coletividade, não só com a interrupção da gravidez, mas também com a promoção eficaz da contracepção", afirmou.
O pontífice também foi alvo de críticas de diversos políticos, entre eles Alfredo Antoniozzi, vice-líder dos Irmãos da Itália (FdI) na Câmara, e as senadoras Alessandra Maiorino (M5S) e Valeria Valente (PD).
A fundação italiana Una Nessuna Centomila, que defende os direitos das mulheres, se surpreendeu com as "violentas" declarações do Papa.
"Que a Igreja sempre se opôs ao aborto certamente não é novidade para nenhuma mulher, mas que um Papa em 2024 possa expressar palavras tão violentas contra as mulheres não só nos surpreende, mas nos dói e nos preocupa profundamente", comentou.