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Endêmica na região amazônica, a doença transmitida por mosquitos foi verificada em outros locais da América Latina e na Europa; especialista atribui às mudanças climáticas a disseminação do inseto.

Publicada em 19/08/24 às 07:58h - 17 visualizações

por TV Jundiai Hoje


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 (Foto: TV Jundiai Hoje)
Na última sexta-feira, 9 de agosto, o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, da sigla em inglês) emitiu um alerta epidemiológico sobre a chegada da Febre Oropouche à Europa, com casos notificados na Espanha, Itália e Alemanha. Anteriormente, a Organização Pan-americana da Saúde (Opas) havia informado em alerta epidemiológico sobre o aumento no número de casos notificados da Febre Oropouche em diferentes países da América Central e do Sul.

 

Apenas em nosso País, em Boletim Epidemiológico de julho, o Ministério da Saúde notificou 6.976 casos de Febre Oropouche, um aumento de quase 12% em relação ao ano anterior. Endêmica na região amazônica, a doença também teve casos confirmados no Nordeste (Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco e Piauí), Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro) e Sul (Santa Catarina). Novos casos aguardam diagnóstico.

 

Especialista responsável por diagnosticar o primeiro caso em feto e de relatá-lo ao Ministério da Saúde e à OPAS, o médico patologista da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) Dr. Juarez Quaresma relaciona às mudanças climáticas a disseminação do Maruim, Puim ou Mosquito-pólvora (Culicoides paraensis), pequeno mosquito comum em árvores frutíferas e que é transmissor do vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV), causador da Febre Oropouche.

 

“Esses mosquitos são de zonas tropicais, acostumados a climas quentes e úmidos. Com o aquecimento global, eles estão cada vez mais se espalhando”, afirma o patologista em arboviroses, doenças causadas por vírus transmitidos por artrópodes como os mosquitos, e que atua como pesquisador do Instituto Evandro Chagas e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Estadual do Pará (UEPA).
 

Dados recentes do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus (C3S) da União Europeia informam que julho de 2024 foi o segundo julho mais quente já registrado desde o período pré-industrial, ou seja, antes do século XIX.
 

Quaresma também detalha que o OROV foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960 a partir de amostra de sangue de um bicho-preguiça, durante a construção da rodovia Belém-Brasília para a qual foi realizado um desmatamento de parte das Regiões Centro-Oeste e Norte. Em seu ciclo na natureza, o vírus é comum em animais silvestres que atuam como hospedeiros. Em seu ciclo urbano, o humano se torna seu hospedeiro. Desde àquela década, já haviam sido relatados casos isolados e surtos em Estados da região Amazônica, mas agora a doença tomou uma proporção extra-Amazônia.

 

Sintomas e tratamento - Entre os sinais e sintomas característicos da Febre Oropouche, estão febre, dor de cabeça intensa, exantema (vermelhidão no corpo), prostração e dor nas articulações, tornando-a semelhante à Dengue. “No entanto, diferente da Dengue que a dor de cabeça é atrás do olho, na Febre Oropouche ela afeta toda a cabeça e pode inflamar as meninges, o que pode causar a morte.”, explica ele.

 

O Ministério da Saúde orienta que as pessoas evitem o contato com áreas de ocorrência e/ou minimizam a exposição às picadas dos mosquitos vetores, usando roupas que cubram a maior parte do corpo e repelente nas áreas expostas da pele, também que sejam limpos terrenos e locais de criação de animais, recolhidas folhas e frutos que caem no solo e usem telas de malha fina em portas e janelas. Ainda não existe tratamento específico, sendo recomendado às pessoas diagnosticadas com Febre Oropouche o repouso e o acompanhamento médico.



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